terça-feira, 20 de julho de 2010

Gosto do som e da chama

É pleno o negrume.
Fria a noite em que nos encontramos.
Calafrios que brotam do interior, arrepiam a coluna, e apagam a mente.
É solitária a noite em que nos encontramos.
No entanto, lembraste que lá fora, milhões de estrelas flamejam, sobre ti e sobre nós? Toda a beleza, todo o esplendor, todos os mistérios confinados naquela mística visão.
À distância duma vontade, todo o poder da existência poderia reavivar-te novamente,(e a mim).
Mas, fomos enfraquecidos pela dor.
Perdemo-nos, e permanecemos sozinhos.

É pleno este negrume, solitária a noite em que nos encontramos.

Sinto-o frio na minha mão, de textura lisa. Por vezes pica-me, fazendo me tremer.
Num momento fugaz, numa descarga de energia que ainda se encontra em mim, inicia-se aquele breve prazer, aquela breve ilusão, aquela breve luz...
Aquele som que arde, canta-me graciosas esperanças.
E então, pareço sentir toda a força que, em algum lugar, me pertence. Encontro-me ali na efemeridade daquele momento, tudo o que fui, e que desejei ser, tudo o que sou, e não consigo encontrar. Tudo que carrego escondido na alma, todos os desejos, todos os sentimentos, toda a pureza, toda a minha real existência.

Mas o teu brilho não é das estrelas, a tua chama depressa de esvai.

É pleno o meu negrume.

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